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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Benfica tombou com honra

 Handicaps a mais anularam demonstração de personalidade; o milagre chegou a parecer possível.

Sem surpresas, nem milagres, mas com muita alma e enorme dignidade, o Benfica despediu-se da Liga dos Campeões em Stamford Bridge. Sai de cena vergado às limitações no eixo defensivo, e, principalmente, ao golo de Kalou na Luz, que permitiu aos ingleses, comandados por Di Matteo, gerir grande parte do segundo jogo de forma italiana.

A derrota diante do Chelsea (2-1) foi precipitada por dois incidentes, na primeira parte, com tanto de evitáveis como de previsíveis. O segundo tempo e o golo tardio de Javi Garcia, deixaram bem vincado que este Chelsea era tudo menos inacessível. Mas, depois do 0-1 da Luz, as duas imprudências do primeiro tempo tiveram demasiado peso no desfecho da eliminatória.

Com a baixa de Luisão confirmada, Jorge Jesus foi mesmo obrigado a «inventar» uma dupla de centrais, como tinha anunciado. Emerson juntou-se a Javi Garcia e os adeptos encarnados terão por certo tremido, face à dupla solução de recurso, perante um ataque que, mesmo deixando Drogba no banco, tal como sucedera na Luz, apresentava argumentos ameaçadores.

No entanto, cumprindo a segunda previsão do técnico encarnado, o Chelsea encolheu-se e cedeu a iniciativa ao Benfica que, com Gaitán muito ativo na esquerda, foi ganhando confiança e atitude nos minutos iniciais. Isto permitiu tranquilizar o adaptado Emerson, muito seguro nos primeiros duelos.

Foi do outro central improvisado, Javi Garcia, que surgiu o primeiro desequilíbrio no jogo: numa saída rápida do Chelsea, o espanhol abordou um lance na área como se estivesse no meio-campo, abalroando Ashley Cole. Lampard não perdoou no penalty, apesar da boa estirada de Artur, que ainda tocou na bola (21 m).

Os minutos seguintes foram de desnorte para os encarnados, que viram três cartões amarelos em lances perfeitamente evitáveis. Um deles, o de Maxi Pereira, viria a revelar-se decisivo, já que aos 40 minutos o uruguaio teve um carrinho imprudente sobre Obi Mikel e recolheu mais cedo às cabinas, por ordem do árbitro Skomina.

Jorge Jesus não teve outro remédio se não prolongar as invenções, adaptando Witsel a lateral direito, e deixando a equipa a jogar num 4x1x3x1, com Matic como excelente referência de solidez a meio-campo.

Encorajado por um Chelsea extremamente passivo na gestão dos acontecimentos, o Benfica não entregou a eliminatória, mesmo jogando com um a menos. Cech teve de mostrar serviço em várias ocasiões, em especial num tiraço de Cardozo que ia direitinho ao ângulo (49 m). O jogo tornava-se mais aberto, com espaços a meio-campo, e Artur também tinha de compensar a falta de rotina de Witsel no lugar de Maxi, negando o golo a Kalou em dois momentos.

Por volta dos 60 minutos, Jesus optou por gerir efetivos, tendo o derby de segunda-feira no pensamento. Cardozo e Gaitán, que estavam em bom plano, foram poupados, dando lugar a dois avançados móveis e enérgicos, como Djaló e Nélson Oliveira.

Foram estes a animar os encarnados para uma meia hora final de grande intensidade, que lance após lance foi silenciando Stamford Bridge.

A cinco minutos do fim, já com Rodrigo na vaga de Bruno César, um canto de Aimar permitiu a Javi redimir-se do penalty, cabeceando para o empate. O Chelsea tremeu, e o Benfica esteve perto do milagre, num lance em que Nélson Oliveira optou (mal) pelo remate em arco, com Djaló sozinho a seu lado.

Na resposta, já em período de descontos, Meireles aproveitou uma hesitação de Aimar, com o Benfica todo atirado para a frente, para sentenciar o jogo e a eliminatória nuim longo sprint concluído com um tiraço indefensável para Artur.

Com mais bola, mais remates e mais alma do que o adversário, mas a pagar pelos handicaps que impôs a si próprio, o Benfica sofria a segunda derrota numa semana, diante de um Chelsea que, mesmo sendo eficaz, provou estar longe, muito longe, da equipa que a Europa se habituou a temer.

in Mais Futebol

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